31 de out. de 2011

Novidades do Cinema: Carnage, de Roman Polanski



Ovacionado no último Festival de Veneza, Carnage é o novo filme do polêmico cineasta Roman Polanski, primeiro dele após o excelente "O Escritor Fantasma". É baseado numa peça aclamada de uma dramaturga francesa (chamada Yasmina Reza), e tem como pano de fundo uma trama envolvendo a discussão entre dois grupos de pais (vividos por um elenco de peso: Christoph Waltz e Kate Winslet, John C. Reilly e Jodie Foster) que se reunem devido a uma briga entre seus respectivos filhos em um playground. Pelo trailer, Carnage parece que seguirá o tom sarcástico, sardônico e de grande tensão que são fortes características da carreira de Polanski. Nos Estados Unidos, o filme estreia próximo mês, e no Brasil deverá chegar no começo de 2012.

Assista o trailer

27 de out. de 2011

Invocation of My Demon Brother (1969), de Kenneth Anger



Kenneth Anger é um curta-metragista experimental (trabalhando apenas com filmes de duração reduzida) que ficou conhecido dentro do underground norte-americano, com trabalhos como Scorpio Rising (que foca nas relações entre gangues de motocicleta - que também aparecem no curta aqui comentado, mas apenas de relance), acabando por ser uma expressiva influência dentro da Nova Onde de cinema americano surgido nos anos 70, esta representada por nomes como Martin Scorsese e Francis Ford Coppola.

"Invocation of My Demon Brother", com 10 minutos de duração e realizado em 1969, explora os temas de obsessão e muito recorrentes na obra de Anger, como o ocultismo, homoerotismo e toques de psicodelia, além dos inúmeros simbolismos apresentados no decorrer da ação e experimentos com a relação entre a imagem e o som (este, aqui, feito pelo rolling stone Mick Jagger), sendo a trilha sonora em seus trabalhos sempre uma peça fundamental. O assunto de "Invocartion..." é vago, mas cenas indicam que estamos presenciando uma espécie de ritual satânico (que contém, ainda, uma bandeira nazista), apresentado a nós com sobreposição de imagens bem como aceleramento delas, técnicas que casam com perfeição com o material tratado: eleva a sensação de estarmos lidando com o incerto, uma matéria inalcançável e que nos escapa colidindo com outras imagens (e o que as une muitas vezes também nos parece distante), às vezes apenas rápidos flashes. Como se não bastasse tudo isso, "Invocation of My Demon Brother" conta com uma participação macabra: a atuação de Bobby Beausoleil (que fez a trilha de um dos mais famosos médias de Anger, Lucifer Rising), um dos membros da Manson Family.

O curta pode ser visto aqui: http://www.youtube.com/watch?v=vBR8b6pCrXA

17 de out. de 2011

Novidades do Cinema: Twixt, de Francis Ford Coppola



Após um período de franco ostracismo e, segundo muitos pensavam, decadência artística irrecuperável, Francis Ford Coppola, nos anos 2000, resolveu juntar o dinheiro que lucrou com suas luxuosas vinículas e decidiu, acreditem, voltar a realizar grandes filmes. "Velha Juventude", de 2007, que iniciou tal retorno, é, na verdade, bastante problemático, mas prepara terreno para "Tetro", que estreou nos cinemas brasileiros ano passado, e é espetacular o suficiente para que sejam estabelecidas grandes expectativas para qualquer novo trabalho de Coppola. Este novo trabalho já tem nome: Twixt, que conta com Val Kilmer e Elle Fanning, além de Ben Chaplin interpretando o escritor Edgar Allan Poe, no elenco.

Coppola que nunca foi interessado em representar a imagem pelos meios mais convencionais, trabalhou para algumas cenas com 3D e, pelo trailer, disponível logo abaixo, se utilizatambém do Preto & Branco e uma narrativa que mistura sonho com realidade. Narra a história de um escritor especializado em livros de terror, que chega em uma pequena cidade para divulgar seu novo trabalho. Lá é informado a respeito do assassinato de uma garota, o que acaba por lhe atormentar.

Twixt foi exibido no Festival de Toronto em setembro, e no Brasil infelizmente ainda não possui previsão de estreia.

14 de out. de 2011

35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


Olá queridos mortais, eu trarei para vocês todas as sextas as novidades dos festivais de cinema e audiovisual que estão rolando. E para abrir esta coluna começarei com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que este ano está na sua 35ª edição.

A mostra

A mostra acontecerá de 21 de outubro a 3 de novembro na capital paulista e trará aos cinéfilos cerca de 250 filmes dos mais variados países e cinematografias. Serão 22 salas de exibição entre cinemas, museus e centros culturais espalhados por toda a cidade.

Títulos confirmados

· O AMOR NÃO TEM FIM (Late Bloomers), de Julie Gavras (A culpa é do Fidel).
· HABEMUS PAPAM, de Nanni Moretti (Caro diário e O quarto do Filho).
· O FUTURO (The Future), de Miranda July (Eu, você e todos nós).
· A ILUSÃO CÔMICA (L'Illusion Comique), de Mathieu Amalric.
· LOW LIFE, de Nicholas Klotz e Elisabeth Perceval.
· COMEÇAR SEU PRÓPRIO PAÍS (How To Start Your Own Country), de Jody Shapiro (produtor de A Música Mais Triste do Mundo, de 2003).
· AS NEVES DO KILIMANJARO (The Snows of Kilimanjaro) , de Robert Guédiguian.
· ERA UMA VEZ NA ANATOLIA (Once Upon a Time In Anatolia), de Nuri Bilge Ceylan, que ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2011.
· OS CONTOS DA NOITE (Les Contes De La Nuit), de Michel Ocelot (mesmo diretor de Príncipes e Princesas, 2000, e As Aventuras de Azur e Asmar, 2006).
· CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS (Cave Of Forgotten Dreams), documentário em 3D de Werner Herzog.
· SLEEPLESS NIGHT STORIES, de Jonas Mekas (A Letter from Greenpoint).
· PATER, o novo filme de Alain Cavalier (Irène).
· CISNE, da portuguesa Teresa Villaverde (Os Mutantes).
· MUNDO MISTERIOSO, de Rodrigo Moreno;.
· SORELLE MAI, de Marco Bellocchio (Vincere).


Os brasileiros

Documentários:

· CANÇÕES, de Eduardo Coutinho.
· CONSTRUÇÃO, de Carolina Sá.
· VOU RIFAR MEU CORAÇÃO, de Ana Rieper.
· MARIGHELLA de lsa Grinspum Ferraz.
· VAI-VAI 80 ANOS NAS RUAS, de Fernando Capuano.

Ficções:

· O CÉU SOBRE OS OMBROS, de Sérgio Borges.
· OLHE PRA MIM DE NOVO, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla.
· O PALHAÇO, de Selton Mello.
· TEUS OLHOS MEUS, primeiro longa de Caio Sóh.

Focada na diversidade cinematográfica e na revelação de novos talentos, a Mostra traz ao público uma seleção da produção cinematográfica mundial com cerca de 250 títulos divididos entre as seções Perspectiva Internacional, Competição Novos Diretores, com exibição de filmes de cineastas que tenham realizado no máximo seu segundo longa-metragem, Mostra Brasil, retrospectivas, homenagens e exibições especiais.

Mais informações da Mostra clique aqui.


Nota de Luto:

Morreu na tarde desta sexta-feira (14), aos 63 anos, o crítico de cinema Leon Cakoff. Idealizador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, tinha câncer e estava internado há duas semanas no Hospital São José, em São Paulo. O corpo será velado no MIS (Museu da Imagem e do Som) nesta tarde e cremado no sábado no Memorial Parque Paulista.
Leon Chadarevian (seu nome verdadeiro), nasceu na Síria, em 12 de junho de 1948. Ele veio para o Brasil com a família aos oito anos e formou-se pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Por problemas com o regime militar, adotou o pseudônimo Cakoff.

13 de out. de 2011

Elephant (1989), de Alan Clarke



Muitas vezes, elogia-se um filme por ele "passar voando". Não é incomum, por exemplo,ao término da exibição de um filme, uma pessoa, em tom elogioso, afirmar algo como "ah, nem senti o tempo passar!". A questão é: por que um filme de qualidade teria que desligar-nos do tempo? Por que não o contrário? Elephant, média-metragem de Alan Clarke, faz o contrário. Sua estrutura é rídiga: dividi-se em espécies de "episódios", sempre apresentando a mesma situação; há elementos fixos: a abundância de planos-sequencia, o realce de certos sons (os passos, o barulho do trânsito, e os tiros). Não é o filme do qual diríamos "nem senti o tempo passar", mas aquele do "pensava que não ia acabar nunca". Isto, aqui, não pode ser visto em sentido negativo. Se é dito, em geral, para aqueles filmes em que nos transformam em pacientes crônicos de déficit de atenção, o caso de Elephant, por outro lado é especial: está ligado ao fato de ser uma obra que toca diretamente em emoções desagradáveis, pela situação a que nos expõe incessantemente, assassinatos "aleatórios" e brutais. O que nos choca não apenas por serem atos que causam, já naturalmente, sensações extremas, mas porque Alan Calrke força o espectador a um confronto direto com o objeto observado: as ações da narrativa não apresentam contexto algum, logo não se pode vir a delinear uma trama, muito menos seus "personagens" (entre aspas pois não são envoltos por qualquer arco dramático - não possuem nomes, ou histórias). Não há pontos de referência em Elephant. Comete a covardia de deixar o espectador sem algo para se agarrar, em contato bruto e direto com a imagem. Logo de início, a impressão que se dá é que este média de 40 minutos se estenderá em uma espécie de loop infiinito, daí a sensação de "não acabar nunca". Em Elephant, não há começo, meio ou fim; é, na verdade, uma sucessão de "variações sobre um mesmo tema". Variações que, sim, existem: se há os elementos fixos já ressaltados, de "episódio" para "episódio", há mudanças que, se observadas, podem desestruturar o olhar perante o material filmado, que, num filme como Elephant, é fácil de se se tornar viciado, devido a uma estrutura que segue um fluxo aparentemente imutável. Falo de momentos como aqueles em que a câmera acompanha dois rapazes,que, seguindo a lógica das sequencias anteriores, seriam os assassinos, mas revelam-se vítimas; ou um outro, em que seguimos uma pessoa em um estacionamento, abruptamente abandonada do foco, com a ação depois transcorendo com outros dois personagens que até então não haviam aparecido. Um soco no estômago.

O filme está disponível no youtube em cinco partes. A primeira:

Onde os fracos não têm vez

Venho hoje indicar um filme dos irmãos Coen. Onde os fracos não têm vez (No country for old men - EUA - 2007 - Direção Ethan Coen e Joel Coen. Com: Tommy Lee Jones, Javier Barden e Josh Brolin) A melhor obra desses dois grandes cineastas. Não gosto de fazer nenhuma consulta para falar da sinopse desse filme. Gosto mais da minha impressão simples e direta. Um homem acha uma mala de dinheiro oriunda de um tiroteio entre traficantes e logo se vê perseguido por um psicopata e uma orda de traficantes mexicanos. O psicopata interpretado por Javier Barden definitivamente já entrou para a galeria de grandes vilões da história do cinema. Um policial (Jones) busca resolver o caso do tiroteio - uma chacina na verdade - e segue um caminho tortuoso e sem maiores explicações. Amigos que assistiram a esse filme não gostaram do caminho que ele segue, seu desfecho por demais cruel. Para mim o ponto forte da obra. Este filme apenas relata a história de um homem obcecado por uma violência que não consegue combater ou compreender. Um reflexo cruel e verdadeiro da índole dos seres humanos de uma maneira direta, sem maiores rodeios filosóficos.
Postado por Jorge Alves.

5 de out. de 2011

Window Water Baby Moving (1962, de Stan Brakhage)


Part 1


Part 2



Stan Brakhage talvez seja o nome mais influente do cenário do cinema de vanguarda. Diretor de inúmeros curtas e alguns longas, Brakhage experimentou com diversos mecanismos da linguagem cinematográfica, realizando, por exemplo, filmes abstratos com uma animação feita na própria película (os "hand painted films"). "Window Water Baby Mobing" se encaixa na categoria dos filmes live action do cineasta, sendo uma obra muito característica sua e das mais emocionantes. Neste curta, acompanhamos a filmagem do parto da esposa de Stan, Jane, que dá luz à primeira filha do casal, Myrrena. É um curta que contém tanto momentos explícitos e de choque (como o close na genitália de Jane no momento do nascimento) como outros singelos e extremamente comoventes, como o close na face de Stan ao ver pela primeira vez sua filha. Tudo isto representado em uma narrativa que, não sendo composta por cenas bem definidas, ou uma estrutura linear e reconhecível, é mais formada por flashes, imagens (e imagens apenas - o filme não possui qualquer registro sonoro) que às vezes podem parecer desconexas. É que Brakhage, mesmo filmando um acontecimento real, não tem interesse em realizar um documentário, ou um registro concreto. As imagens de "Window Water...", na verdade, parecem extraídas da memória, pertencentes a uma temporalidade não reconhecida pelo espectador; os flashes de objetos, cenários, mostrados sob rápidos cortes, parecem denotar um fluxo constante de consciência ou mesmo traços mnemônicos de uma experiência inconsciente. Não é um registro lógico, é um registro de emoções; confuso, agoniado, um retrato subjetivo. O cinema experimental pode parecer duro e impenetrável, mas filmes como os de Stan Brakhage, em especial "Window Water Baby Moving", fornecem uma experiência sensória única, um grande estímulo à nossa percepção e às nossas mais profundas emoções.

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A árvore da vida

Sei que uma das minhas postagens aqui deve ser sobre filmes grandiosos do passado, mas essa semana eu vou falar de um filme novo - pra mim um cult movie já pronto. A árvore da vida (The tree of life 2011 - Direção de Terrence Malick - com: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain) um filme poético, intimista, repleto de paisagens idílicas bem ao estilo de Malick e sua maneira peculiar de fazer cinema. Eu me tornei fã de Malick desde Além da linha vermelha (The thin red line 1998 - Direção Terrence Malick - com: Sean Penn, James Caviezel, Ben Chaplin, Nick Nolte...) sua obra depois de muitos anos de reclusão que dividiu a crítica e que foi indicado a 7 oscars. Depois não parei mais. Vi Dias no paraíso, Novo mundo e agora este ultimo, A árvore da vida. Apesar de ter mais de quarenta anos de cinema, Malick tem apenas 6 filmes feitos. É famoso por ser averso a mídia e recluso. Nesta ultima obra ele atingiu o supra sumo do lirismo. Malick praticamente abandonou a linearidade e nos deu uma obra profunda e rica em interpretações. Através da relação pai e filho, Malick explora os caminhos e a razões da vida na dualidade graça e natureza. É dificil escrever uma sinopse sobre este ultimo trabalho de Malick, as imagens falam de uma maneira mais livre que as palavras. Há um momento sobre a origem da vida que nos leva às lágrimas. Arrebatedor! Uma obra transcendental que me leva a muitas questões, mas a apenas uma dúvida: como Malick consegue orçamento para fazer filmes que praticamente só agradam a ele mesmo e a mim? (Risos) Abraços a todos.

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