31 de mai. de 2012

Os curta-metragens de Norman McLaren



O canadense Norman McLaren é um famoso curta-metragista de animação, um dos pioneiros na arte. Com uma obra marcada pela experimentação de ritmos, cores e as diversas sensações transmitidas por estas, McLaren trabalhou com diversas vertentes da técnica de animação: animação feita direta na película, filmes abstratos, entre diversas outras. Foi um dos principais membros da NFB (National Film Board of Canada), além de felizmente ter sido reconhecido por premiações importantes (Oscar de "Melhor Documentário" por "Vizinhos", BAFTA de melhor animação por "Pas de Deux", entre vários outros). Trago aqui dois exemplares de sua obra, disponíveis no you tube: "Begone Dull Care", animação abstrata com imagens que seguem o ritmo da trilha de jazz, um caledoscópio de cores e formas; o outro é "Pas de Deux", feito com a técnica do "pixilation" (uma espécie de stop-motion, mas com atores humanos), em que registra um ato de balé, e, para ser preciso, a movimentação corporal e suas variações. Assista ambos abaixo (o primeiro é "Begone Dull Care":


14 de mai. de 2012

"Os Infratores", de John Hillcoat

http://www.aceshowbiz.com/images/news/first-look-at-shia-labeouf-and-tom-hardy-in-john-hillcoat-s-lawless.jpg 

Vários filmes chamam a atenção na lista dos filmes indicados à Palma de Ouro no Festival de Cannes, e, dentre eles, está o novo do cineasta John Hillcoat. Britânico, fez seu primeiro filme em 2005, "A Proposta", um faroeste moderno que ganhou destaque e contou com um roteiro de ninguém menos que o grande músico Nick Cave (e o seu posterior, o belo "A Estrada", adaptação do livro homônimo de Cormac McCarthy, CXave faz a trilha sonora). Com seu terceiro filme, "Os Infratores" Hillcoat já é alvo de boas expectativas, e espero que não decepcione. O filme é ambientado no período da Lei Seca, acompanhando uma família de contrabandistas. No elenco, Shia LeBouf, Tom Hardy, Jessica Chastain, Guy Pearce, entre vários outros, e o roteiro, adivinhem só também é do Nick Cave. A primeira exibição será, como disse no começo, no Festival de Cannes, que começará já esta semana. O trailer pode ser conferido abaixo.


7 de mai. de 2012

"Luz nas Trevas", de Helena Ignez



A continuação do clássico "O Bandido da Luz Vermelha", um marco do cinema brasileiro, era um projeto dos sonhos de seu realizador, Rogério Sganzerla, que inclusive escreveu o roteiro do filme, mas faleceu antes de conbseguir filma-lo. Sua esposa e musa de seus trabalhos, Helena Ignez, a estrela dos geniais "Sem Essa, Aaranha" e "A Mulher de Todos", decidiu assumir a direção do projeto.  Finalmente estreou já na sexta-feira passada, e conta com ninguém menos que Ney Matogrosso como o protagonista (em 68, interpretado por Paulo Villaça), que, preso, descobre com insatisfação a existência de um filme sobre os seus feitos. Na verdade, o filme também se focará no filho do bandido, vivido por André Guerreiro Lopes (no elenco, também está a filha do casal Sganzerla-Ignez, Djin Sganzerla). É de se esperar que Ignez faça jus ao espírito iconoclasta dos filmes que estrelou (aliás, não é sua estreia como diretora - e, tendo em vista que também foi membra ativa do movimento do cinema marginal, sou otimista quanto ao resultado). e honre o cinema modernista e antropofágico feito pelo mestre Sganzerla. Veja abaixo o ótimo trailer do filme:


30 de abr. de 2012

Os Três Patetas, de Peter & Bobby Farrelly



O famoso trio cômico, que começou sua atividade em 1922 e encerrou apenas na década de 70, tem sua primeira adaptação contemporânea para os cinemas: "Os Três Patetas" dessa vez terá, por trás das câmeras, a dupla Peter e Bobby Farrelly, famoso por comédias como "Débi & Lóide" e "Quem Vai Ficar com Mary?". O filme narrará a história de Moe, Larry e Curly desde a infância em um orfanato até a vida adulta (dividida em três partes, cada uma com 27 minutos - talvez para se aproximar do formato dos curtas e programas de TV estrelados pelo trio?), e o elenco contar com Sean Hayes (do seriado Will & Grace) vivendo Larry, Will Sasso (que fez algumas aparições na TV, mas nenhuma de grande destaque, acredito) como Curly e Chris Diamantopoulos (acredito que no mesmo caso de Sasso) como Moe. Um elenco que não é composto por estrelas, mas eu, como grande admirador do trabalho dos Farrelly, espero que saia algo de qualidade, mesmo que os últimos trabalhos dos diretores tenham sido um pouco abaixo da média. O filme irá estrear já nesta sexta-feira, e, pelo trailer, parece que apostará no mesmo humor físico e pastelão que caracterizou a série:


24 de abr. de 2012

"Prometheus", de Ridley Scott



Já faz um bom tempo, em minha opinião, que Ridley Scott não realiza realmente uma obra de qualidade. Se em seus primeiros anos como cineasta se entregou a projetos em que sua visão pessoal era majoritária em relação à comercial ("Alien" é um grande filme, por exemplo), o restante de sua carreira não parece aprofundar seu ponto de vista quanto à linguagem cinematográfica, mais um cineasta mecânico que o autor que no início prometia ser. "Prometheus", entretanto, me chamou a atenção por ser um retorno ao gênero que Scott ajudou a alavancar e por ser uma espécie de prequel de Alien, além de ter um grande processo de marketing por trás, o que inevitavelmente ajuda a alavancar o interesse. O elenco conta com o excelente Micharl Fassbender, como o protagonista, bem como Guy Pearce, Charlize Theron, etc. É de torcer para que o filme faça jus à visceralidade e densidade de Alien. Está previsto para estrear em Junho, e já possui trailer:


17 de abr. de 2012

"To Rome with Love", de Woody Allen



Depois do imenso sucesso de "Meia-Noite em Paris", Woody Allen continuará com seu tour pela Europa (que, anterior à sua produtiva ida à França, já tinha rendido bons frutos, como "Vicky Cristina Barcelona", passado, como mostra o título, na Espanha, e "Match Point", na Inglaterra, entre outros). Dessa vez, a história se passará na Itália, e o projeto se chama "To Rome With Love", dessa vez contando com o próprio Allen no elenco, além de Jesse Eisenberg, Ellen Page, Penélope Cruz e Roberto Benini (Allen, obviamente, tem moral suficiente pra escolher quem ele quiser pros seus filmes, e o resultado é um elenco genial como esse). A trama é simples, como é de praxe no diretor, mostra o desenrolar das relações amorosas de um grupo de pessoas em Roma, e é torcer para que os resultados sejam do nível de seu ótimo trabalho anterior. "To Rome with Love" já tem trailer disponível:

2 de abr. de 2012

"Cosmopolis", de David Cronenberg


A partir dos anos 2000, com Spider, o cinema de David Cronenberg ganhou um polimento formal que muitos de seus fãs mais antigos acabaram por estranhar, o que não significa que a obra do diretor tenha se tornado menos genial (na verdade, o que talvez seja seu melhor filme, Marcas da Violência, é desse período, e o mais recente Um Método Perigoso apresenta um cineasta no auge de seu amadurecimento artístico). Entretanto, Cosmopolis, baseado em um livro do aclamado escritor contemporâneo Don DeLillo, parece voltar ao excesso quase escatológico (mas sempre muito consciente e crítico) de seus trabalhos iniciais. Narra um momento na vida de um jovem bilionário, que decide atravessar a cidade em busca de um corte de cabelo perfeito. O protagonista será Robert Pattinson, escolha extremamente inusitada, mas que tem recebido elogios atrás de elogios por parte de seu diretor; mesmo que sua atuação seja abaixo da média (mas há, é claro, a possibilidade dele surpreender a todos), duvido muito que tire o brilho deste que talvez seja mais um grande filme do mestre Cronenberg. Há algumas semanas foi divulgado o primeiro teaser trailer do filme, recheado de violência e sexo; veja abaixo:

26 de mar. de 2012

Os novos projetos de Terrence Malick

Terrence Malick e Martin Sheen no set de "Terra de Ninguém", de 1973

Terrence Malick era um daqueles cineastas "reclusos": depois de "Dias de Paraíso", de 1978, fez seu terceiro filme apenas 20 anos depois, com "Além da Linha Vermelha", que acabou sendo indicado a vários Oscars. Depois desse, apareceu novamente em 2006, com a obra-prima "O Novo Mundo", e, 5 anos mais tarde, ano passado, com o extremamente comentado e excelente "Árvore da Vida", que mais uma vez foi um sucesso de crítica e público, vencendo, inclusive, o prêmio de Melhor Filme no prestigiado Festival de Cannes. Dos anos 90 pra cá, em comparação ao passado, a produção de Malick aumentou em quantidade considerável, mas agora o salto é assustador, um ritmo quase de Woody Allen: tem quatro projetos na fila, dois deles já em pós-produção. Um é um filme ainda sem título, cujo elenco (estelar) contará com Ben Affleck, Rachel McAdams, Rachel Weisz, a musa Jessica Chastain (a mãe no filme "Árvore da Vida"), Javier Bardem, entre outros; sobre a sinopse sabe-se que a história se passará em um período de vários anos, narrando os conflitos amorosos de um homem em um casamento fracassado. O outro projeto se chama "Voyage of Time", um documentário sobre "o nascimento e vida no universo", e provavelmente utilizará grande parte do material excluído do corte final da sequencia da "origem da vida" de "Árvore da Vida". Outros dois que estão em pré-produção ainda, e com filmagens marcadas já para esse ano, são meio que "projetos paralelos"; ambos contaram, por exemplo, com Christian Bale, Natalie Portman Cate Blanchett no elenco, um chamado "Lawless", que narrará a interseção entre dois triângulos amorosos, e um outro, "Knight of Cups", com menos informações no momento, mas, ao que tudo indica, terá temática similar (e contará, também, com Ryan Gosling e Rooney Mara no elenco). Não há trailers dos projetos, apenas algumas fotos dos bastidores e um vídeo que postei logo abaixo (que mostra Malick filmando Bale em um festival de música), e a maior parte do conteúdo permance em sigilo. Resta torcer para que esses quatro filmes façam jus à espetacular filmografia do mestre.

24 de mar. de 2012

Freiheit, de George Lucas


Antes de ficar famoso e ganhar milhões com a saga Star Wars (e, também, antes de se dedicar exclusivamente a ela), George Lucas era um cineasta que se encaixava dentro da onda da Nova Hollywood do começo dos anos 70 (e não na dos blockbuster do fim desta mesma década), realizando obras pequenas (e muito legais) como "American Graffitti - Loucuras de Verão". Freiheit é a primeira produção com Lucas atrás das câmeras, um curta de apenas 3 minutos, realizado em 1966. Trata de uma espécie de libelo anti-bélico e idealista, e que realmente não é de tanta qualidade, mas vale como um objeto de curiosidade. Está disponível no you tube:

19 de mar. de 2012

"O Hobbit", de Peter Jackson



Peter Jackson era um cineasta essencialmente "filmes z" no início de sua carreira (com filmes como o ultra-trash "Fome Animal"), mas, a partir do filme "Almas Gêmeas", decidiu se dedicar a um cinema mais "sério" e "sofisticado", culminando na trilogia "O Senhor dos Anéis". Mas não, não é dessa vez que Jackson voltará a fazer jus ao tipo de cinema que o lançou (provavelmente nunca voltará): depois de um filme mais intimista (o fracasso "Um Olhar do Paraíso" - que eu acho um bom filme), Jackson volta ao cinema blockbuster, com mais uma adaptação de J.R. Tolkien, "O Hobbit". Narra uma história anterior ao "Senhor dos Anéis", e mostrará o primeiro encontro de Bilbo Bolseiro (neste filme, interpretado por Martin Freeman, o Arthur Dent da adaptação cinematográfica de "O Guia do Mochileiro das Galáxias") com Gollum (uma pessoa mais afeita à trama da série, o que não é meu caso, certamente proporcionaria uma melhor sinopse). Seria mais um sucesso na carreira de Peter Jackson? "O Hobbit" tem estréia programada para 14 de dezembro deste ano, provavelmente mirando a temporada de premiações. Veja o trailer abaixo:


12 de mar. de 2012

"Frankenweenie", de Tim Burton



Após o grande sucesso (de público, ao menos) de "Alice no País das Maravilhas", Tim Burton retorna ao início de sua carreira para fazer um remake de um curta-metragem realizado em 1984, Frankenweenie, dessa vez se utilizando da animação stop-motion e 3D, além, é claro, de um formato de longa-duração (mantendo, no entanto, o preto-e-branco original). O filme é uma espécie de paródia (bem como uma homenagem) da famosa estória de Mary Shelley, Frankenstein, mas, aqui, o cientista é um garoto e o monstro, seu cachorro. Burton já é bastante familiarizado com esse tipo de animação, tendo realizado seu primeiro curta, o ótimo Vincent, em stop-motion, além de ser produtor e roteirista de "O Estranho Mundo de Jack" e diretor de "A Noiva Cadáver"; tendo em vista as belas incursões no formato pelo cineasta, só resta torcer para que Frankenweenie faça jus à fama do diretor. Nos Estados Unidos, o filme estreará em 15 de Outubro deste ano; nós do Brasil, pelo visto, teremos que esperar ainda mais um pouco. Veja o trailer logo abaixo:

9 de mar. de 2012

"Vinil Verde", de Kléber Mendonça Filho

Este é o primeiro curta do cineasta (e também crítico de cinema, mais conhecido pelo site Cinemascópio), vencedor de prêmios no Festival de Brasília e selecionado pela Quinzena dos Realizadores em Cannes. "Vinil Verde" é visivelmente inspirado nas técnicas utilizadas por Chris Marker em seu clássico curta-metragem "Le Jetée" (talvez o maior dos filmes de curta duração) para narrar uma espécie de conto de horror infantil: uma criança recebe de sua mãe uma caixa de discos, mas a garota é proibida de ouvir o vinil verde. O ritmo mais calmo, aquele das cantigas de criança, do quarto cheio de bonecas e do canto dos passarinhos do lado de fora do apartamento, lentamente vai ganhando contornos obscuros (a narração, sóbria e pausada, ajuda muito) na medida em que a doçura da infância vai se diluindo na curiosidade de um universo desconhecido. Kléber Mendonça tem outros curtas prestigiados e que merecem ser conferidos, como "Eletrodoméstica" e "Recife Frio", e, no momento, está preparando seu primeiro longa-metragem, que irá se chamar "O Som ao Redor".

Confira o curta no youtube:


Obs.: O que está disponível no youtube não tem muita qualidade, caso queira vê-lo no vimeo ele é bem melhor http://vimeo.com/10024257)

7 de mar. de 2012

22º CINE CEARÁ, Inscreva-se!


Olá leitores, antes de começar gostaria de me apresentar. Para quem não me conhece, meu nome é Gabriel, já participei de alguns curtas como Ator, Maquiador e Diretor de Arte. Estive afastado("Carreira Solo" kkkkkkk) e agora estou retomando a equipe. Eu me comprometi a entretê-los toda quarta, provavelmente com Tutorias, Making offs, Notícias sobre Festivais e etc... Mas enfim... Deixando a apresentação de lado, vamos ao real conteúdo do post.

22º Cine Ceará-Festival Ibero-americano de Cinema.
"Depois de mais de duas décadas entre os maiores festivais de cinema do pais, o evento cultural mais antigo do Estado vem consolidando sua importância no calendário internacional de festivais ibero-americanos."

É isso ai pessoal depois de muita espera, finalmente chegou a hora, onde nos sonhadores temos a oportunidade de mostrar nosso potencial. O festival acontecerá em Fortaleza, Ceará entre os dias 1 e 8 de junho de 2012. As inscrições estão abertas desde 23 de fevereiro e vão até 31 de Março de 2012.

6 de mar. de 2012

Pelo ralo desce só a lama!

Muitos conhecem a expressão “descer pelo ralo”, mas nós a sentimos ressente quando precisamos cancelar nosso mais ousado projeto (parece que ele foi ousado demais kkkkk). Bem, o constante descompromisso de parte do elenco seja faltando reuniões e ensaios, seja estudando o papel, enfim. Agora, depois de gastarmos muito tempo, trabalho e dinheiro neste projeto, o colocamos na gaveta e retomamos a estrada! Produzir cinema no Brasil é difícil, produzir cinema no Ceará é mais difícil, produzir cinema sem muitos recursos, apenas com uma câmera barata, uma ideia na cabeça e muito empenho e vontade é muito mais difícil, mas a conquista será muito mais saborosa! Nós não desistiremos tão fácil, e já temos outros projetos na cabeça, como o festival do minuto, o 22º Cine Ceará, o nosso projeto de stopmotion, que breve faremos algumas experimentações com outros tipos de materiais e muito mais! É isso ai, como diria o mestre Glauber Rocha, “câmera na mão, ideia na cabeça!” E vamos continuar, porque o que desceu pelo ralo foi a lama, o que é de bom continuou! =D

"Mãe e Filha", de Petrus Cariry



Eu tive o prazer de ver este filme, dirigido pelo cearense Petrus Cariry (filho de Rosemberg Cariry), no Cine Ceará de 2011, mas sua estreia nacional ocorrerá este mês, no dia 16. É o segundo longa de Petrus (o primeiro, "O Grão", também foi muito elogiado), narra a história de uma mulher que viaja para o sertão para reencontrar sua mãe, trazendo, também, seu filho natimorto. Na verdade, falar a fundo de uma "sinopse" para "Mãe e Filha" é um erro, pois é um filme que se importa mais, na verdade, com o que está oculto na relação entre as personagens-título, mergulhando menos na linearidade e mais nas sensações que movem as personagens. Cinema de atmosfera, que retira do silêncio, dos mínimos sons e dos espaços, e dos fantasmas (memórias, perdas) que os habitam. "Mãe e Filha" também dialoga muito com algumas características bastante presentes em cineastas contemporâneos, remetendo, por exemplo, ao tailandês Apichatpong Weerasethakul (não tentem pronunciar o nome) ou do argentino Lisandro Alonso (para ficar em um nome mais conhecido: também pode agradar a quem gosta de Terrence Malick), mas é uma obra, é claro, com brilho e intensidade própria.


Confira o trailer de Mãe e Filha

2 de mar. de 2012

Adágio (2000), de Garri Bardin


Entrando na onda de filmes em stop-motion que a Filmes Z recentemente adentrou (com o curta-metragem Wurms), venho aqui falar sobre um dos grandes exemplares desta técnica, o curta Adágio, do russo Garri Bardin, realizado em 2000. O ritmo é extremamente solene e a trama se desenrola elaborando uma áspera crítica social, à nossa incapacidade de conviver com diferenças e nossa tendência à uniformizar e padronizar, bem como pode servir como uma metáfora ao cristianismo e à cegueira comumente atribuída pelos seus seguidores. Ao contrário dos curtas de outro mestre do stop-motion, Jan Svankmajer, Adágio não é feito, por exemplo, com a utilização de massa de modelar, e sim, curiosamente, com origamis. Vale ver!

29 de fev. de 2012

Wurms


Bem, demorou, mas saiu. O primeiro stopmotion da Filmes Z. Vocês bem sabem como é trabalhoso fazer um desses. Os velhos 24 quadros por segundo em formato de cinema e os 30 quadros por segundo em vídeo. A paciência tem que ser grande e é, somente a ansiedade em ver o trabalho final terminado é que atrapalha um pouco. Além do que a equipe se gasta em outros trabalhos paralelos. A gente tem que cuidar de cada frame pra que tudo dê certo e por aí vai num trabalho hercúleo. Tem a edição, a sonorização, isso pra falar em processos finais, enfim. A vontade de ver a coisa pronta cresce a cada processo terminado. Decidimos fazer algo um tanto experimental, com padrões de desconstrução bem evidentes. Apesar do nosso tutorial mostrando como construir os bonecos (confira aqui), decidimos usar outros indivíduos não humanoides. Tínhamos os bonecos já prontos durante o processo de criação da história, mas o tema escolhido (natureza) acabou fazendo que nos focássemos nos bichinhos. A abordagem surreal também foi um diferencial nessa animação. Há quem goste a quem não, mas isso faz parte. O tema ecológico presente agradou a todos. Agrada muito ouvir os palpites sobre o que a obra quer dizer além dos temas mais claros. Há também outros signos sutis que despertaram interpretações absolutamente diversas; e existem também aqueles que dizem somente viajar na imagem dos monstrinhos e vermes que se mexem. Esse curta é realmente recheado de ideias ocultas, outras nem tanto, mas no conjunto que tentamos exibir, tudo se encaixa. Alguém pode descobrir a ideia geral desse conjunto, mas isso não importa tanto, a obra também pertence a quem a assiste e está sujeita à infinitas interpretações. Temos pensado em fazer novas animações, talvez dessa vez experimentando outros materiais além da massa de modelar, mas isso é assunto a ser decidido depois. O que posso assegurar com certeza é que um novo curta de animação vai sair... Talvez antes do que pensamos. Confiram abaixo Wurms, a nossa primeira animação!

28 de fev. de 2012

Mentes fervendo!





Bem, depois e algum tempo sem trazer as novidades dos nossos projetos, volto a fazer esta postagem. O nosso atual trabalho, nosso primeiro longa, está em caminho. Continuamos com ensaios, a parte técnica já está quase pronta e logo partiremos para as gravações. Mas o que mais interessa é o desenrolar de um outro interesse já antigo, criar nosso primeiro curta em stopmotion (já fizemos inclusive um tutorial sobre como fazer o esqueleto básico para os bonecos, confiram aqui.). Pois bem, compramos uma nova câmera exclusivamente para esse processo e a nossa tão sonhada animação saiu, logo o postaremos aqui para que vocês vejam. Outra ideia que tem aparecido em nossas reuniões semanais é a participação no já conhecido Festival do Minuto, já somos assíduos participantes deste festival e há muito tempo esperávamos o nosso gênero favorito, TERROR. Já temos algumas ideias para produzir o rápido vídeo, mas por hora tudo está apenas nas nossas mentes.
Para quem acompanha o blog, sabe do nosso enorme desejo sobre os filmes trash, em especial aos de terror, essa uma ótima oportunidade de testar algumas receitas de maquiagem especial que uma integrante do nosso grupo vem desenvolvendo, sangue, cicatrizes, ferimentos, e outros efeitos horripilantes que tanto apreciamos (confiram duas receitas de sangue cênico: Receita I e Receita II). Vamos nos concentrar nesses processos e qualquer outras informações vocês podem conferir nessa coluna, até a próxima semana e comentem, indiquem aos amigos e confiram o blog regularmente. Até mais! =D

17 de fev. de 2012

"Film di Samuel Beckett", de Alan Schneider




"Film" marca a primeira colaboração do escritor Samuel Beckett, um dos mais festejados do século XX, com a 7ª arte, escrevendo o texto para este curta dirigido por Alan Scheneider e estrelado por ninguém menos que Buster Keaton, o famoso ator e diretor de cinema mudo. Antes de tudo, é bom atentar para a inteligente escolha de Keaton, que, como outros astros dos anos 20, foram renegados ao ostracismo com o advento do cinema falado. O seu "concorrente", Charles Chaplin, se deu melhor, e conseguiu permanecer no topo; o por quê de um cineasta a sua altura como Keaton não ter tido melhor sorte só o sistema traiçoeiro de Hollywood explica, mas é curioso como o diretor de clássicas obras como "A General" meio que se tornou uma presença espectral durante os anos posteriores de Hollywood (talvez por ser um excelente símbolo de como em Hollywood qualquer talento pode ser extremamente fugaz). Ele fez, por exemplo, uma aparição em "Crepúsculo dos Deuses", obra-prima de Billy Wilder, além de "Film", que, ironicamente, é mudo. O personagem de Keaton parece ser alguém já privado da fala ou da mais rele comunicação com o outro, e caminha para uma total alienação de sua própria existência (afinal, só se sabe que existe quando nos vemos ou somos vistos por outro), um homem que parece desesperado para escapar da própria consciência (um personagem típico de Beckett, aliás). É uma experiência cinematográfica muito interessante e que merece ser vista.

10 de fev. de 2012

The Big Shave, de Martin Scorsese



O ano de 1967 seria decisivo para a indústria hollywoodiana. No segundo semestre daquele ano foi lançado o filme "Bonnie e Clyde", de Arthur Penn (estrelado - e ideliazado também, na verdade - por Warren Beatty), marcava o início da era da Nova Hollywood, marcada pela decadência da onipotência dos produtores e dos grandes estúdios, e uma abertura para que o diretor passasse a ter total controle da sua obra. Influenciados pela nouvelle vague francesa e pelos movimentos de contracultura, foi nessa época que surgiram para o cinema nomes como Dennis Hopper (seu primeiro filme, Easy Rider - Sem Destino, é sem dúvida dos maiores marcos cinematográficos dos anos 60), Bob Rafelson (produtor de Easy Rider com a BBS, e diretor de filmes como "Cada um Vive como Quer), Robert Altman, Francis Ford Coppola e atores como Jack Nicholson (companheiro das loucuras de Hopper, Rafelson, Peter Fonda e cia.). Entre esses nomes, estava também, obviamente, Martin Scorsese. Este seu curta-metragem, realizado no mesmo ano em que Scorsese realizava seu debut em longas (o ótimo "Quem Bate à Minha Porta"), bebe muito das fontes anteriormente citadas, incluindo uma experiência marcante para os EUA naquela época: a guerra do vietnã. Muitos encaram o curta como uma metáfora a tal conflito e o sentimento auto-destrutivo que o impulsionava. Não darei detalhes quanto à "trama", é mais interessante vê-lo sem saber deles. Veja abaixo:

3 de fev. de 2012

"Pai de Filha", de Michael Dudok de Wit



Nascido em 1953, o holandês Michael Dudok de Wit deve ser um dos mais prestigiados animadores, tendo realizado quatro curtas-metragens, entre eles "Pai e Filha", de 2000, vencedor de prêmios como o Oscar, BAFTA e o ANNECY, importante prêmio francês dedicado exclusivamente à Animação. Conta a história de uma garota que, quando criança, vê seu pai partir, voltando, mesmo com os anos a passarem, ao mesmo local, esperando que seu pai volte. Obviamente, a trama metaforiza a morte, e a tentativa de se lidar com uma perda, que acaba marcando toda a história de uma vida. O desenho de Dudok é minimalista e de tons sóbrios, formalmente de uma sensibilidade tão grande como a trama narrada. O cineasta tem outros curtas muito bons e que valem ser vistos, como "O Aroma do Chá", de 2006, e "O Monge e o Peixe", de 1994.

Confira o curta Pai e Filha

1 de fev. de 2012

Trabalhos a todo vapor! MAIS LENHAAA!!!

Olá visitantes assíduos (ou não) do nosso blog, a partir de agora, eu (Rivô) vou fazer a postagem da coluna sobre os nossos projetos. Bem, os que nos acompanham sabem que estamos na produção do nosso primeiro longa, para os que não nos acompanham esse é nosso atual e mais difícil projeto. Tivemos alguns problemas graves, o pior dele foi a desistência de um dos atores, mas todos foram resolvidos e já estamos com um novo ator, Pádua Oliveira (ator, artesão e um cara muito legal). Então estamos a todo vapor novamente, começaremos uma maratona de ensaios com os atores e técnicos e logo estaremos gravando. Não sei se foi dito antes, mas esse filme terá como principal responsabilidade o bom desempenho dos atores (isso pode parecer óbvio e que todos os filmes são assim, mas esse não terá muitas propostas de fotografia, ambiente ou efeitos), por isso nossa grande preocupação nos ensaios. No mais é isso gente, logo trarei algumas fotos dos ensaios e dos nossos trabalhos. Até a próxima postagem! Não deixem de comentar, compartilhar e de divulgar o blog! =D

30 de jan. de 2012

"Shame", de Steve McQueen



Não se engane pelo nome do diretor: este não é um filme dirigido pela estrela dos filmes de ação como "Bullit", "A Torre do Inferno" e "Papillon", até porque Steve Mcqueen, o ator, bem, ele morreu em 1980. O McQueen diretor de "Shame" (sem título no Brasil, ainda) é, na verdade, um britânico de 40 e poucos anos, que começou como artista plástico e decidiu se aventurar no cinema pela primeira vez em 2008, com o excelente "Fome", também estrelado por Michael Fassbender (o Magneto de "X-Men: Primeira Classe"). Dessa vez, narra o drama de um homem viciado em sexo, e sua relação (não-sexual, bom avisar) com a irmã, interpretada por Carey Mulligan (indicada ao Oscar de melhor atriz por "Educação", e muito elogiada por outros filmes como "Drive" - já comentado aqui no blog e "Não Me Abandone Jamais"). O filme gerou muita polêmica, por cenas de sexo explícito e nudez frontal, recebendo inclusive censura de NC-17, a máxima permitida para um filme entrar nos cinemas tradicionais), mas não por isso deixou de ser extremamente premiado, em especial pela atuação de Fassbender (melhor ator no Festival de Veneza) e aparecendo em diversas listas de melhores filmes de 2011. No Brasil, está programado para estrear em 2 de Março. Veja o trailer, logo abaixo:

23 de jan. de 2012

"A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese



Entre a produção de uma série de TV (o sucesso Boardwalk Empire) e a direção de mais um documentário de música (Living in the Material World, sobre o beatle George Harrison), Martin Scorsese decidiu elaborar talvez o projeto mais inusitado de sua carreira: uma adaptação de um livro infantil, feita, ainda por cima, em 3D. O filme narra a história de um garoto de 12 anos, que descobre uma invenção de seu falecido pai, um pequeno robô, que aguarda ser ligado para escrever uma mensagem. O trailer me deixou cético: parecia um filme do Chris Columbus, ou então um muito ruim do Spielberg. Entretanto, à medida que o filme foi sendo exibido e recebido elogios animadores, que situavam Hugo Cabret como uma espécie de homenagem ao cinema (ou seja, mais do que simplesmente um filme que Scorsese fez para que sua filha pudesse ver). Um dos personagens do longa, vivido por Ben Kingsley, é Georges Mélies (sim, o lendário diretor de Viagem à Lua), por exemplo (e, pelo trailer, pode-se notar uma breve homenagem ao "A Chegada do Trem à Estação Ciotat", clássico dos Irmãos Lumiére, e primeiro filme a ter exibição pública). Além disso tudo, Scorsese, mesmo tendo feito seus erros nos últimos anos, sempre traz algum material que vale a pena ser visto. Na maioria dos países o filme já estreou, mas no Brasil a estreia está marcada para o dia 17 de fevereiro.

Veja o trailer

16 de jan. de 2012

"O Espião que Sabia Demais", de Tomas Alfredson



O título em português parece saído de alguma comédia com o Leslie Nielsen, mas "O Espião que Sabia Demais" (em inglês, é "Tinker, Tailor, Soldier, Spy") tem bons motivos para ser visto: é o primeiro projeto de Tomas Alfredson fora da Suécia, diretor que antes havia feito o aclamado "Deixe Ela Entrar", e sua estreia em Hollywood, de acordo com a crítica internacional e pelas cenas que já vi, parece que fará jus ao seu estilo. É baseado em uma novela de John Le Carré e acompanha a trajetória de George Smiley (personagem recorrente nos romances do escritor) ao tentar descobrir quem é o traidor dentro do Serviço Secreto. Gary Oldman interpreta Smiley, e o resto do elenco é composto por Colin Firth, John Hurt, entre outros. Veja o trailer: