17 de fev. de 2012

"Film di Samuel Beckett", de Alan Schneider




"Film" marca a primeira colaboração do escritor Samuel Beckett, um dos mais festejados do século XX, com a 7ª arte, escrevendo o texto para este curta dirigido por Alan Scheneider e estrelado por ninguém menos que Buster Keaton, o famoso ator e diretor de cinema mudo. Antes de tudo, é bom atentar para a inteligente escolha de Keaton, que, como outros astros dos anos 20, foram renegados ao ostracismo com o advento do cinema falado. O seu "concorrente", Charles Chaplin, se deu melhor, e conseguiu permanecer no topo; o por quê de um cineasta a sua altura como Keaton não ter tido melhor sorte só o sistema traiçoeiro de Hollywood explica, mas é curioso como o diretor de clássicas obras como "A General" meio que se tornou uma presença espectral durante os anos posteriores de Hollywood (talvez por ser um excelente símbolo de como em Hollywood qualquer talento pode ser extremamente fugaz). Ele fez, por exemplo, uma aparição em "Crepúsculo dos Deuses", obra-prima de Billy Wilder, além de "Film", que, ironicamente, é mudo. O personagem de Keaton parece ser alguém já privado da fala ou da mais rele comunicação com o outro, e caminha para uma total alienação de sua própria existência (afinal, só se sabe que existe quando nos vemos ou somos vistos por outro), um homem que parece desesperado para escapar da própria consciência (um personagem típico de Beckett, aliás). É uma experiência cinematográfica muito interessante e que merece ser vista.

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